sábado, 8 de agosto de 2009

Nem defeito, nem qualidade

Então eu sonhei assim.
Que um vampiro gostava mim.
Gostava. E amava.
E eu? Eu não gostava dele.
Nem nada.
Nada não. Tinha a tal da atração.
Mas não era por ele.
Que batia meu coração.
Eu estava afim era de um cara.
Um cara alto e de cabelos castanhos.
Quase ruivos.
E olhos cor de mel.
Ou eram verdes?
Sei lá.
Só sei que gamada eu fui.
Fui pela rua de pedras.
Pelo caminho de barro.
Pelo campo descampado.
Até chegar à beira do rio.
Onde todos brincavam.
E chamavam.
Por mim.
Mas eu não ia.
Tive medo da água escura.
Lembrei da minha infância.
Lembrei das sanguessugas.
Acontece que uma menina estabanada.
Me puxou pelo braço.
Ela queria que eu mergulhasse.
Que perdesse o medo do desconhecido.
E mesmo resistindo eu fui.
Primeiro um pé. Ponta do dedo.
Da mão. Água doce. Doce mesmo.
Doce que nem o algodão doce.
Cor de Rosa.
Da Rua Pinto Júnior, 48, Prado.
E eu ri. Ri muito.
Olhei para trás.
Meu amor me chamando.
Com mãos convidando.
Uma dança.
E a gente dançava, dançava, dançava.
Embalados por uma canção.
Que o Chico fez pra mim.
Fez não. Reescreveu.
Ah! Fez sim.
O chão úmido, de grama molhada.
Pés suspensos.
Eu mirando.
No exemplo.
Das mulheres.
Como eu.
Não mais de Atenas.
Mas que viviam pelos bravos guerreiros.
Dos belatos meus.
Que acordei.
Cantando a letra.
Ouvindo o som.
Ainda a sentir o cheiro.
Do amado.
Tu.